21 de junho de 2010

O escritor José Saramago, primeiro e único Prêmio Nobel de Literatura de língua portuguesa, faleceu, em sua casa de Lanzarote, aos 87 anos, por causa de leucemia crônica, segundo confirmaram fontes da família. A morte ocorreu pouco depois das 13 horas (hora peninsular), quando o escritor se encontrava em sua residência canária, acompanhado de sua mulher e tradutora Pilar del Río.

"Nossa única defesa contra a morte é o amor", disse numa ocasião José Saramago, a quem não só o amor ajudou a combater essa morte que o levou. Também o fizeram os numerosos romances que escreveu ao longo de sua vida e que foram reconhecidos com o Prêmio Nobel em 1998.
De origem humilde, Saramago se dedicou à literatura porque não lhe agradava o mundo que lhe tocou viver. Seus romances encerram reflexões sobre alguns dos principais problemas do ser humano; fazem o leitor pensar, o abalam e comovem. Seus personagens são cheios de dignidade.
Nascido em 16 de novembro de 1922, em Azinhaga, uma aldeia de Ribatejo (Portugal), José de Sousa é mais conhecido pelo apelido de sua família paterna, Saramago, que o funcionário do Registro Civil acrescentou ao inscrevê-lo. Quando tinha dois anos, sua família se mudou para Lisboa, mas nunca rompeu seus laços com Azinhaga.
Ainda que tenha sido um aluno brilhante, teve de abandonar o ensino secundário, ao terminar o primeiro segmento, ante a falta de meios econômicos de seus progenitores. Antes de dedicar-se plenamente à literatura e de converter-se num dos melhores romancistas do século XX, Saramago trabalhou em oficios como os de serralheiro, mecânico, editor e jornalista. Foi diretor adjunto do "Diário de Notícias" de Lisboa.
Seu maior sonho
Mas seu maior sonho era ser escritor. Em 1947, publicou seu primeiro romance, "Terra de pecado". Por essa época, ascendeu nele a consciência política que sempre o acompanhou e que o levou a filiar-se, em 1969, ao Partido Comunista Português. Após um longo silêncio de quase vinte anos, durante o qual ficou sem publicar, porque não tinha "nada para dizer", Saramago se arriscou na poesia, entre 1966 e 1975, e publicou "Poemas possíveis", "Provavelmente alegria" e "O ano de 1993".

Como disse, quando Alfaguara, sua editora espanhola, publicou sua "Poesia completa", em 2005, nunca foi "um poeta genial", nem "um grande poeta". Apenas se considerava "um bom poeta". Em 1977, veio à luz o romance "Manual de pintura e caligrafia", ao que se seguiram o livro de contos "Quase um objeto" (1978) e a obra teatral "A noite" (1979).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Blog pantaneiro

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão >Paulo Freire